Com a operação de seu sistema de transposição para peixes (STP), durante a última piracema, período em que as espécies migram para reproduzir, a Usina Hidrelétrica Risoleta Neves registrou mais de 30 mil exemplares de 22 espécies. Entre os meses de novembro de 2013 e março de 2014, o sistema funcionou para permitir a transposição da barragem e conclusão do processo reprodutivo dos peixes. Dentre as espécies encontradas, 17 são nativas e cinco exóticas da bacia do rio Doce.
Por meio de uma equipe técnica especializada, o sistema de transposição funciona com monitoramento constante, visando permitir a continuidade da reprodução dos peixes migradores nativos.
As espécies mais abundantes coletadas foram os lambaris (Astyanax taeniatus), seguidos pelo (Astyanax bimaculatus), ambas nativas da bacia do rio Doce. Essas espécies são de pequeno porte, o que caracteriza a fauna de peixes local.
Dentre as espécies nativas e migradoras, foram encontradas a curimba (Prochilodus vimboides), o piau (Leporinus conirostris e Leporinus copelandii) e a piabanha (Brycon devillei) que está ameaçada de extinção. De acordo com a analista ambiental da usina, Sara Ferreira Lazzuri, a piabanha começou a ser registrada a partir da piracema de 2012/2013. “Essa situação pode indicar que as ações de manejo e conservação da área de influência da usina estão sendo efetivas quanto à conservação das espécies”, comenta.
Além dessas espécies, através dos monitoramentos também foram identificados no reservatório da usina exemplares juvenis das espécies piau-branco, piau-vermelho e curimba. Esses resultados demonstram o resultado do sistema de transposição de peixes. “É possível perceber que essas espécies nativas e migradoras estão encontrando locais apropriados para a reprodução a montante, isto é, acima da barragem”, explica Sara.
Para possibilitar a preservação e conservação do meio ambiente é preciso que todos colaborem. “Ações de conservação, tanto por parte do empreendedor, quanto por parte da população, são importantes e necessárias para a manutenção da ictiofauna nativa na região”, incentiva Sara.
Espécies exóticas
O dourado (Salminus brasiliensis) e a curimba foram as espécies migradoras exóticas que utilizaram o STP. A introdução de espécies exóticas é a segunda maior causa de extinção de peixes conhecida, pois elas podem ocasionar a competição por alimento, predação e introdução de doenças, causando danos às espécies nativas da bacia.
Sistema de Transposição para Peixes
O STP é composto por uma estrutura em que a força da água ao passar por uma escada atrai os peixes que sobem até chegarem em um tanque elevador. Do tanque, os peixes são separados entre nativos e exóticos, registrados e catalogados para acompanhar seu deslocamento, auxiliando na preservação da espécie. Em seguida, são levados e depositados em um ponto do rio de onde podem seguir sua jornada para reprodução.